Agora mais do que nunca está comprovado: um conteúdo novo nem sempre agradará a todos os alunos numa aula de Educação Física na escola. Prova disso é que eu, iludida com a alegria dos alunos no dia da apresentação do Estágio na turma, acreditei que tudo seria às mil maravilhas, que todos participariam sem reclamar, questionar ou criticar nada!...
Tendo um desafio desses pela frente logo de cara assusta, dá vontade de desistir, mas já que não custa nada tentar, corri o risco.
Em uma das intervenções a proposta era de levá-los ao laboratório de informática para que eles pudessem pesquisar sobre as atividades de aventura do estado do Espírito Santo. Mas pra alguns alunos não passou de uma proposta mesmo!! Depois de algumas aulas sem aquele futebol alguns alunos se revoltaram e se recusaram em fazer a pesquisa. Fiquei perdida no momento, mas não permiti que eles saíssem da sala e que teriam que conversar comigo, alias eu era a professora né?!
Três alunos, só três de 34!! Nada que uma conversa não resolvesse...
No fim da aula os chamei para perguntar o porque deles não participarem da minha aula (como se eu não soubesse da resposta). E é claro que era o que eu imaginava: a falta do futebol. Mas tinha mais coisas envolvidas e eu precisava resolver se quisesse os alunos participando das minhas aulas. Perguntei então o porque de querer só o futebol nas aulas de Educação Física. E era por um simples motivo: por não terem outro espaço para praticá-lo.
Lá em 2000... e lá vai bolinhas, quando ainda estudava na EMEF "Ernesto Corradi", onde fiz o estágio, tínhamos acesso ao campo de futebol, onde praticávamos nossas aula. Mas hoje em dia as coisas mudaram. A comunidade não permite que o campo seja usado, sabe porque? Pra não estragar a grama! Eles alegam ter o espaço somente para treinos e jogos da equipe local.
Como eu não podia fazer muita coisa fiz um acordo com os alunos: eu conversaria com a diretora, que me ajudaria a abrir o campo para os alunos pelo menos a cada 15 dias para que pudessem jogar e em troca, é claro, eles teriam que participar da minha aula. Todos concordaram, mas deixei bem claro que não dependia de mim.
Nas aulas seguinte, quando voltei à escola aqueles que não queriam fazer as atividades voltaram a participar. Quanto a questão do campo, infelizmente até hoje a comunidade não permitiu que os alunos da escola utilizassem o campo.
Mas disso eu pude entender que é através de uma conversa com os alunos que podemos descobrir o porque de cada coisa que acontece nas aulas, relacionadas com o dia a dia ou não.